A saúde é um conceito dinâmico, em constante transformação. Podemos compreendê-la, como um reflexo de uma conjuntura social, econômica, política e cultural. Ou seja, a saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas, cada sociedade e cada cultura produzirá formas diferentes de saúde e, consequentemente, doença. Esta concepção dependerá da época, do lugar, da classe social, dependerá também de valores individuais, concepções científicas, religiosas, filosóficas. Além de tudo, o conceito de saúde orienta políticas públicas em diversas áreas.
Podemos pensar a saúde em dois grandes modelos, o primeiro é o modelo biomédico de saúde, que compreende a saúde como a ausência de doenças. Parece óbvio... é saudável aquele(a) que não tem doença. Contudo, esse modelo carrega seus problemas, pois exclui as condições socioeconômicas e psicossociais, como promotoras e reguladoras de saúde, renegando a saúde ao corpo, ao físico, ou seja, o observável, com isso, os transtornos e as disfunções psicológicas não se adequariam a este modelo de saúde, logo não existindo problemas dessa natureza. O segundo modelo é o modelo biopsicossocial de saúde, este modelo surge por volta de 1948, após a segunda guerra mundial, postulado pela Organização Mundial de Saúde que buscava uma definição universal de saúde que atendesse as necessidades de moradia, acesso a serviços, alimentação, condições econômicas e sociais favoráveis etc. Dessa forma, pensasse saúde como um completo bem-estar Biopsicossocial. Este conceito de saúde também traz seus problemas, afinal, como podemos ter um COMPLETO bem-estar físico, mental e social? O que pode nos levar a pensar: quem é que tem saúde? Certamente a resposta seria ninguém. Isso mesmo, ninguém tem saúde! Haja vista a complexidade e impossibilidade de se ter um completo bem-estar físico, mental e social.
O que se observa, como já evidenciado, é que a saúde é um processo dinâmico, ou seja, um processo homeostático, onde ora pode se mostrar mais um lado dessa tríade (bio, psico, social), ora pode se mostrar outro. Assim, nunca estaremos completos, sempre nos estará faltando algo, seja no social, seja no psicológico, seja no físico.
É por isso que a saúde requer uma busca constante.
Referência bibliográfica: SCLIAR, Moacir. História do conceito de Saúde. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(1):29-41, 2007.
